15 julho

What Hides in the Dark

Neste post, eu vou contar um pouco sobre What Hides in the Dark , um jogo que criei em uma game jam e brevemente minha falha ao "expandir", porém, minha fortuna ao transformar esse jogo em algo ainda mais interessante, um TTRPG de diário.

Há algum tempo eu criei esse jogo. A ideia era fazer um jogo pequeno, em uma única página, e assim, aproveitei um antigo e inacabado jogo que estava na gaveta, mas tinha uma temática interessante: você se perdeu em uma floresta que não quer que você escape dela.

A primeira versão do jogo tinha algumas falhas. Ele tinha o formato panfleto, com algumas características de TTRPG misturado com paragraph based de livro-jogo. Esse é um estilo complicado de criar, pois você precisa criar a história principal, os ramos que fluem a partir dela e também lidar com becos sem saída. No final, acabei criando alguns loops dentro dos parágrafos, vários parágrafos com morte instantânea e algumas nomenclaturas de status que estavam confusas. Ainda assim ficou "jogável". Porém, eu queria expandir esse jogo, pois havia essa atmosfera interessante e misteriosa de se estar em uma floresta fantástica e ter que fugir criando um mapa usando constelações.

Mesmo tentando expandir e melhorar o jogo, eu me sentia preso em certas limitações e decidi desconstruir as regras e recriar o jogo como um journaling TTRPG (eu fiz uma fanzine falando sobre como eles funcionam e você pode baixar aqui), ou seja, um role-playing game de diário. Esse estilo funciona como um RPG tradicional, mas dispensa Mestres ou Facilitadores, pois costumam usar Oráculos (tabelas, listas e parágrafos) que ajudam a criar ganchos narrativos que o jogador vai desenvolver para sua aventura, normalmente registrando os eventos em forma de um diário ou gravação de vídeo, áudio, enfim, algum tipo de registro.

Ainda estou lapidando a estrutura do jogo, mas confesso que estou bem animado. Esse formato novo possibilitou um foco maior na diversidade de eventos e uma balanceamento melhor, coisas que estava destruindo minha cabeça enquanto eu construía a outra versão. Vou aproveitar pra deixar uma prévia de uma das partidas testes que venho fazendo e espero que você se amarre. O jogo está disponível (por enquanto a primeira versão) no itch.io da Odd Press em inglês.

Possivelmente eu faça uma versão em português também, mas ainda não sei se terá um layout personalizado ou apenas uma versão de texto simples. Vamos lá?!



***

What Hides in the Dark (versão 2.0 - playtest - primeira sessão 07/15/25)

Nome: Aenbed, da tribo Skaldars. 

Sobre minha tribo: Skaldars, the Hunters ou Sombras, são uma tribo que pouco se sabe, mas são conhecidos por serem caçadores sem igual, sobreviventes habituados ao nomadismo e terrenos traiçoeiros. São ágeis, calculistas e silenciosos.

Vigor [V]: Pleno | Resiliência [R]: Pleno | Sagacidade [S]: Pleno | Tochas: 9

Como jovem Skal, um dos desafios para se tornar parte dos caçadores é voltar para casa, após uma aventura, com uma grande caça. Eu sai cedo, apenas com um pouco de comida, água, tocha e minha espada, junto com o sol em direção ao norte. Caminhei por dois dias na esperança de ver os primeiros traços de neve, mas acho que as vozes que ouvi na noite não eram apenas sussurros dos animais noturno, mas algo que me atraiu sem eu saber... e agora. Estou nesse lugar, entre troncos gigantesco, galhos carregados e nenhuma luz.


Dia 1

Oráculo de Exploração: 5,3 - Local: Charco Fedorento, Desafio: Perigoso (Combate); Predador Aquático.

Oráculo de Brumvar: 1,4 - Atmosfera: Leve, Natureza: Presença Sutil; Silêncio Estranho.

Meus passos começaram a pesar, foi quando me dei conta que não estavam em qualquer lugar da floresta, mas sobre um chão encharcado e perigoso. Havia uma névoa densa diante de mim, e meus olhos não viam mais nada além de, talvez, três ou quatro metros à frente. Senti um calafrio na espinha e um silêncio perturbador, como se algo estivesse errado. Continuei avançando, agora com cautela, quando senti algo enrolar na minha perna e me jogar para o lado.

Uma criatura grotesca se revelou saindo do lamaçal, não consegui notar detalhes, mas sua silhueta era aterrorizante, corpulenta e regurgitava constantemente com um som bizarro. Eu me levanto com a espada nas mãos, ela permanecesse para me encarando através da névoa. Eu ataco primeiro. (Desvantagem por causa da névoa, enquanto a criatura parece enxergar bem nela. [V] d6: 3, 6).

A criatura avançou logo que me movi, notei quando ela saiu do chão em um salto poderoso, seu corpo cresceu enquanto se aproximava. Antes de estar perto o suficiente para ser agarrado pelo seu abraço mortal, consegui desviar batendo a espada em um dos galhos esguios que emergiam do chão, o impacto me ajudou a girar o corpo e com a ponta da lâmina, abri um rasgo de ponta a ponta no corpo da criatura. Ela caiu, imóvel. Me aproximei para conferir, com todo o cuidado do mundo, ela estava morta. Tento investigar seu corpo em busca de óleo e qualquer coisa que possa ser útil nessa jornada. (Desvantagem, eu nunca vi uma criatura como essa e não sei o que esperar. [R] d6: 2, 3).

Enquanto cortava os órgãos, rapidamente um líquido roxo e pastoso começou a se espalhar pelo corpo, condenando tudo como se consumisse a carne. Até eu me dar conta e tirar as mãos da criatura, parte do líquido havia escorrido sobre minha mão esquerda. Passei um trapo sobre ela, sentindo uma ardência e notei que uma queimadura feia havia sido causada pelo líquido. É uma ferida pequena para me atrapalhar... mas espero que ela não piore nos próximos dias, ou terei problemas.

Ao cair da noite, tentei observar as estrelas para encontrar um caminho para casa... sem sucesso. Caminhei por oras e não encontrei uma brecha nas folhagens, e escalar aquelas árvores parecia uma decisão insensata por agora.


Dia 2

Vigor [V]: Pleno | Resiliência [R]: Pleno | Sagacidade [S]: Pleno | Tochas: 8

Oráculo de Exploração: 1,3 - Local: Trilha Antiga, Desafio: Perigoso (Combate); Armadilha Encoberta.

Oráculo de Brumvar: 6,3 -  Atmosfera: Manifestação de Brumvar, Natureza: Odor/Sensação; Odor de Decomposição Psíquica.

Enquanto o lamaçal ficava para trás, por acaso encontrei uma trilha quase oculta pelo tempo. Ela serpenteou por algumas horas, passando por uma área curiosamente calma. Passado algum tempo, comecei a sentir uma agitação interior, como se tudo estivesse muito bem para ser verdade. A trilha ainda não tinha dado em lugar algum, assim como a própria floresta nunca pareceu tão inofensiva, quieta. Normal. Parei para respirar, e enquanto tentava me concentrar, senti um cheiro estranho no ambiente, quase indecifrável. ([R] d6: 3, 4, 6).

Consegui me concentrar e identifiquei aquele cheiro, ele não era apenas um cheiro comum, pois não estava no plano físico, apenas na minha cabeça. De imediato me recordei de histórias de um povo perdido que sobreviveu nos arredores de Brumvar. Eles eram conhecidos pela sua hostilidade e pelas suas habilidades psíquicas. Com um pouco mais de esforço, consegui me desvencilhar do encantamento ou o que quer que fosse aquilo que estava me provocando aquela sensação. Vi então um rastro de pegadas indo para minha frente e outras que se encontravam com as minhas vindo de trás. Eu estava andando em círculos.

Seria possível que um desses seres poderosos estivesse me seguindo? Ou apenas cai em uma de muitas armadilhas da floresta? Eu não tinha certeza, mas definitivamente não me deixaria cair em uma distração como essa novamente. Caminhei mais um pouco até que a mata se abriu. O sol já se punha e o céu revelava suas estrelas.

Na noite, encontrei Anastasia, the Crow e um alivio se instalou no meu coração. Eu estava um pouco mais perto de sair daquele lugar. 


Dia 3 

Vigor [V]: Pleno | Resiliência [R]: Pleno | Sagacidade [S]: Pleno | Tochas: 7

Continua...


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