Her Odyssey I

Faz um tempo que eu não jogo algo que não tenha criado, mas, nesses últimos dias do ano, decidi explorar jogos que peguei no itch.io, especialmente TTRPGs (tabletop role-playing games) no formato de diário. Esses jogos são solo e permitem uma experiência narrativa mais pessoal, ideal pra quem não tem muito tempo ou uma galera pra fazer uma mesa.

Escolhi começar com Her Odyssey, de S. Kaiya J. (https://mirror-lock.itch.io/her-odyssey). Ele é um jogo solo sobre uma personagem andarilha, com regras simples e liberdade criativa para desenvolver a história.

As regras básicas:

• Use um dado de 4 lados (1d4) e um baralho tradicional (com coringas).
• Crie sua personagem respondendo perguntas como quem você é, de onde veio, para onde vai.
• Distribua 11 pontos entre 3 status: Vitalidade (força/carismo), Agilidade (destreza/inteligência) e Fortitude (constituição/sabedoria).
• Eventos são determinados por cartas do baralho, que definem dificuldade e características com base no naipe.
• Para resolver ações, role dados iguais ao valor do status testado e fique com o maior resultado: números baixos trazem consequências ruins; altos, boas.
• No final do dia, some os testes. Um total maior que a dificuldade indica um dia Auspicioso (termina bem e reduz 1 ponto dos status testados); menor indica um dia Inauspicioso (status não usados ganham 1 ponto).

Vamos lá!

***

> Início

Status: 3 Vitalidade (V), 5 Agilidade (Q), 3 Fortitude (F).

(Decidi começar o jogo sem responder as perguntas de forma quadrada, mas fazendo meio que uma "primeira página" do diário mais fluída, como uma apresentação) Alguns me chamam apenas de M. Acho que esqueci o meu verdadeiro nome, depois de tanto tempo. E por falar de tempo, essa estrada nunca tem fim. Lembro quando deixei para trás o pequeno vilarejo em que cresci, próximo às montanhas ao norte do continente, com a ambição de chega à costa, às cidades portuárias e quem sabe, cruzar a imensidão de Altos. Fazem alguns meses que estou acampando no mesmo lugar, encontrei uma clareira e gosto do silêncio, sempre gostei do silêncio, mas as coisas andam estranhas ultimamente, como se antigos pesadelos estivessem murmurando seu retorno... não posso permitir.

> Primeiro dia

Omen Score - J♦️ (11)

(Antes do primeiro dia, queria só contextualizar a realidade dessa narrativa. M está atravessando uma floresta chamada Brumvar. Ela já fez parte de outro jogo meu "What Hides in the Dark" e eu achei interessante trazer para quem saber uma experiência contribuir para a outra no futuro. Brumvar é uma floresta misteriosa no continente de Mour, uma terra fantástica. Essa floresta fica entre uma longa clareira e montanhas nevadas, enquanto do outro lado há um deserto seguido do oceano. Há povos que habitam ela, mas também há povos do deserto que se aventuram nela. Nossa personagem não está lá por acaso, ela está indo para o sul, nem para a clareira e nem para o deserto, mas sentido a costa do continente. Por agora, é isso.)

Seguindo para o sul, ouvi algumas vozes ecoando na mata, por um momento elas pareciam se espalhar ao meu redor, sem uma direção de origem evidente (teste F d4=3). Tentei acalmar meus pensamentos, prestar mais atenção e quem sabe descobrir de qual lado as vozes vinham. Por um momento, parecia ser da minha direita, mas eu não tinha certeza, ainda assim, decidi seguir nessa direção. O terreno antes rasteiro se encheu de raízes, enquanto eu tentava atravessar, perdi a conta de quantas vezes tropecei e até mesmo me machuquei, mas ao menos as vozes pareciam se aproximar.

No meio da mata, já havia escurecido, vultos pareciam me cercar. Eles não me tocavam, mas eram ameaçadores. As vozes agora eram mais brandas, graves e ritmadas por um canto sinistro de alguma língua esquecida. Eu tentei resistir, mas a curiosidade me fez aproximar, eu precisava saber o que era aquilo. Tentei avançar sem fazer barulho (teste Q  d4=4). Por entre a mata, notei que as silhuetas antes humanas agora se desfaziam revelando monstruosidades em um ritual ao redor de uma fogueira esverdeada. As vozes que me atrairam também atrairam outros viajantes que agora faziam parte do sacríficio do que quer que estivesse sendo celebrado naquele lugar. Por sorte, a mirage se desfez e consegui ver a verdade.

Dei meia volta me afastando, não só precisava sair logo dali, como também retomar meu caminho. Na volta, encontrei um pedaço de papel velho com vários desenhos rabiscados e também uma trouxa com carne seca e algumas moedas, parecia sorte.

Checando dia "Auspicioso/Inauspicioso": Soma F3 + Q4 = 7. Omen Score 11. Total 11-7=4. É um dia inauspicioso.

Quando encontrei a estrada, me dei conta que as quedas no caminho foram piores do que imaginei, havia um corte fundo na minha perna e a quantidade de sangue que eu havia perdido não seria letal, mas me forçaria a acampar próximo daquela região sinistra e acabaria com meus suprimentos até eu me recuperar... quão longe está a próxima cidade?

Checando "limites do andarilho": V4 / Q5 / F3.

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Bom, pelo menos sobrevivemos! Não quis me prolongar, mas também não queria deixar algo muito raso, vamos ver o que as cartas irão proporcionar no próximo dia. Para o baralho usei uma versão digital do https://www.random.org/playing-cards e para os dados o https://rolladie.net.